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EU SEI PORQUE SUA EMPRESA NÃO ESTA NEM AÍ PARA ESSA TAL DE LGPD...

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Sejamos francos: a última coisa com a qual você está se preocupando neste momento, além dos problemas gerados pela pandemia (que não decide se vai ou se fica!) e de tantas outras instabilidades de 2022, é saber se a sua empresa precisa ou não se adaptar a Lei Geral de Proteção de Dados.
 
Aliás, ao que tudo indica, não tinha hora pior para ela acontecer e ser obrigatória. Em um momento onde o Brasil foi forçado a migrar estruturas inteiras de escritórios, home office, reuniões remotas, ensino online, compartilhamento de arquivos em nuvem, e-mails, aplicativos de mensagens e tantas outras traquitanas tecnológicas, ainda ter que entender e decidir se “vai ou não vai” cumprir as regras da LGPD é dose para leão.
 
Parece até coisa de quem não tem mais nada para fazer!
 
Um fato é inegável: a pandemia nos forçou a digitalizar serviços e rotinas do nosso dia a dia como nunca antes. Virtualizamos em 1 ano o que não fizemos em 5. É praticamente o milagre econômico brasileiro (50 anos em 5!) só que com uma dose de risco de morte que não existia naquela época.
 
Pois bem – riscos na mesa e problemas à parte, abrir uma linha no orçamento da empresa e no treinamento da equipe para falar de segurança de dados esta se mostrando mais difícil, demorado e custoso do que estimaram os especialistas.
Somos um povo inconsequente, não planejamos e exatamente por isto, assumimos riscos muito maiores do que se vê em outras culturas. Esperamos acontecer para depois “resolver”. Não sabemos (e não queremos!) tomar atitudes preventivas.
O que dá dinheiro a bem da verdade é o corretivo, depois que o circo está armado, pegando fogo e tudo deu errado. Afinal, qual seria a razão para cobrar milhares de reais de uma empresa já em maus lençóis e com dados bloqueados nas mãos de hackers, senão o viés de escassez?
Costumo dizer que o empresário brasileiro adora apostar no vento. Sim, no vento! Sabe aquele sábio velhinho, que quando acorda pela manhã, leva o dedo indicador aos lábios, da uma lambida na ponta dele e mede para que lado o vento sopra?
E por ai vamos… em uma enxurrada sem fim de exemplos.
 
Observo há alguns anos como os empresários vão se tornando, com o tempo, cada vez mais irresponsáveis. Sim, a palavra é essa: IRRESPONSABILIDADE.
 
Afinal, quando se tem evidências, estudos, métricas, casos que já aconteceram e especialistas sinalizando para um determinado problema e você simplesmente IGNORA com base na filosofia “umbiguística” (sim, aquela que vem do seu umbigo!) isso se chama ser irresponsável.

Responsável pela escolha e irresponsável pelo risco do resultado que será produzido!

O reino da inconsequência começa na aversão quase doentia em recolher impostos. Que ninguém gosta de pagar impostos, é obvio: o nome não seria IMPOSTO se fosse voluntário. Contudo, vivemos no Brasil, com leis confusas, sistema tributário crônico e deficit fiscal endêmico – portanto, é o que temos para o momento! Quem não gosta, ou muda de país ou deixa de empreender.
 
Porém, muitos querem “afrontar o sistema” e a partir dessa batalha quase épica do fisco contra o contribuinte, ao invés de adotar estratégias de inteligência fiscal, investir em escritórios e assessorias especializadas em tributação e reestruturação empresarial, preferem fazer o que? Sonegar!
 
Vão pelo caminho mais fácil, mais rápido e mais arriscado. E isso se chama IRRESPONSABILIDADE.
Aposta-se no risco: se pegar, pegou! Depois, parcela a multa em um dos intermináveis refis e vamos em frente. Virou cultura, virou moda, virou estilo de gestão!
O mesmo vale para obrigações trabalhistas. Para questões de segurança e medicina do trabalho, para contratos de crédito bancário, para operações financeiras, para política de proteção de dados… somos um país de apostas irresponsáveis, querendo ser tratados como profissionais estratégicos.
 
As vezes converso com minha equipe e digo que:
Se alguns empreendedores gastassem metade da energia usada em ideias mirabolantes para driblar as regras e isso fosse direcionado para estratégia e planejamento, seriamos simplesmente imbatíveis no mercado global!
Sim, temos uma capacidade única (e admirada mundo afora!) de gerir problemas, enfrentar situações multifuncionais e analisar cenários de incerteza como poucos pelo mundo.
 
Vivemos e crescemos na instabilidade, razão pela qual somos bons em gerenciar o caos eminente. Mas isso não significa que essa habilidade tenha que se tornar o maior dos nossos erros, que beira à inconsequência.
 
Proteção de dados sem dúvida é uma delas. Posso dar a real?
Não estamos nem ai com nossa privacidade, tampouco com nossos dados. Somos totalmente relapsos com o que fazem com nossas informações e literalmente não damos a mínima se as empresas (ou mesmo o governo e órgãos de controle) deveriam ou não cuidar disso da forma correta.
Claro que pensamos assim só até alguém usar seu nome, CPF e endereço para abrir uma conta em um banco para receber pix de sequestro relâmpago e depois sacar o dinheiro e você ser indiciado pela policia a se explicar.
 
Também pensamos diferente quando um vazamento de dados pessoais começa a expor na internet seu bens e números de contas bancarias para quem quiser te oferecer produtos pelo telefone ou por e-mail. Ou até mesmo para que você seja um dos escolhidos para o sequestro relâmpago…
 
E claro, a gente fica uma fera se usarem os dados dos nossos filhos para, deus nos livre, divulgar dados de saúde deles, prontuários médicos e remédios que eles tomam para garantia sua sobrevivência.
 
Pense que calamidade alguém usar seus dados da aposentadoria para fazer empréstimos consignados em seu nome, só porque teve acesso a um banquinho de dados bobinho que tinha tudo que os robozinhos dos bancos pedem para te dar crédito via telefone? Claro, isso nunca aconteceu com você…
 
Nossa, já ia me esquecendo de como ficamos revoltados quando um juiz do trabalho manda aplicar multa contra nossa empresa porque não estamos protegendo os dados dos nossos funcionários!
 
Diriam: Veja se tem cabimento isso? Além de pagar o salário ainda ter que proteger os dados deles? (sim, estou sendo irônico!)
No contexto fica lógico e evidente: somos irresponsáveis com nossos dados, inconsequentes com nossa privacidade e relapsos com as empresas que deveriam tomar conta disso!
Aceitamos literalmente trocar acesso – por dados – sem sequer se perguntar para que serão usados ou com quem serão compartilhados. Em uma era de internet das coisas e de 5G, quem tem dados, tem tudo.
 
Invadem celulares, invadem servidores de escritórios, invadem nuvens de arquivos. Em tecnologia existe uma compreensão universal básica: nada é impossível de se invadir.
 
Jargão corrente na rede, os dados são sim o novo petróleo e valem muito mais do que se imagina. Vejam o vazamento do INSS, do ConectSUS, da Renner, do Pix e tantos outros que estão ocorrendo nesse exato momento em que você não está nem aí se a sua empresa ou escritório deveriam se mexer e estar preparados.
 
Contra fatos, não há argumentos: não é sobre SE isso vai acontecer com sua empresa – é sobre QUANDO isso vai acontecer.
 
Como eu disse no começo, eu sei exatamente porque você não esta nem aí com a LGPD, com proteção de dados, com invasões, com treinamentos e relatórios exigidos pela ANPD… bobagem!
Afinal, quem é que se importa com todos os dados que circulam pela sua empresa, escritório, clinica, escola – de milhares de clientes que confiaram as informações deles para que pudessem fazer negócio e viabilizar o seu ganha pão?
Afinal, seguindo os princípios da filosofia “umbiguística” nos tornamos um terreno fértil e lucrativo para quem efetivamente se importa com nossos dados e nossa privacidade: a lei, com suas multas e punições que estão só começando!
 
Enquanto não me afeta, não me incomoda! Mas ai de quem se atrever usar meus dados sem o meu consentimento… quanta diferença!

Escrito por: Vinicius Maximiliano Carneiro